De onde veio esse conceito e quais as características de cada biotipo corporal?
Os biotipos corporais foram classificados por um psicólogo americano chamado William Sheldon, em 1940, a partir de uma análise de padrões corporais em uma determinada amostragem de pessoas. Nos anos seguintes, essa teoria de classificação corporal começa a ser contestada por alguns estudiosos, o que torna o tema (de certa forma) polêmico.
Os biotipos sugeridos por Sheldon, basicamente, foram definidos por semelhança e padrões de constituição óssea, metabolismo, massa muscular e quantidade de gordura; e foram classificados em três tipos: ectomorfo, mesomorfo e endomorfo.
Com a análise da imagem acima, é possível entender facilmente as características de cada biotipo corporal. O ectomorfismo está associado à magreza, é uma estrutura corporal mais estreita, membros alongados e finos, um metabolismo mais acelerado que dificulta tanto o ganho de massa muscular como de gordura. Já o endomorfismo seria o extremo oposto, ou seja, estrutura mais robusta, ombros e cintura mais largos, um metabolismo mais lento e grande capacidade de ganho de massa muscular e gordura. O terceiro, considerado intermediário, é o mesomorfismo que apresenta um “balanço” entre as características dos outros dois conceitos, seria um corpo mais atlético e proporcional, com cintura mais fina em relação aos ombros, capacidade de ganhar (ou perder) gordura e massa muscular de forma balanceada.
Como saber o meu biotipo?
Teste simples para saber o biotipo:
Use sua mão direita (se for destro) ou esquerda (se for canhoto) como instrumento de medição. Meça o punho do outro braço envolvendo-o com os dedos médio e polegar:
- Se um dedo sobrepor o outro: ectomorfo
- Se a ponta dos dedos se tocarem com certa facilidade: mesomorfo
- Se os dedos não se tocarem: endomorfo
Saiba que é extremamente raro alguém ter um biotipo puro, ou seja, 100% ecto, endo ou mesomorfo. Esse teste resultará no seu biotipo dominante, porém você pode ter traços e características de outro. Por exemplo, se você for 70% ectomorfo e 30% mesomorfo, sua classificação correta seria ectomesomorfo (o ecto vem na frente pois é o dominante).
Agora olhe-se no espelho e, pela forma do seu corpo, tente classificá-lo. Muito provavelmente teremos as seguintes conclusões:
- Sou muito magro, então sou ectomorfo.
- Sou forte, então sou mesomorfo.
- Tenho muita gordura, então sou endomorfo.
Não é simples assim. Você pode estar com gordura abdominal e ser ectomorfo, ou pode estar acima do peso e ser mesomorfo e diversas outras variações.
Você deve estar pensando: “agora lascou de vez, isso não serve pra nada, que confusão…”
Calma! Não desista! Você vai entender!
Para descomplicar e fazer com que isso fique claro definitivamente, vamos abordar dois conceitos fundamentais: genótipo e fenótipo.
Genótipo
É nossa constituição genética, herdada dos pais (com influência dos ancestrais), que está relacionada às características internas e, por consequência, a certas tendências como facilidade para ganhar peso, estatura alta ou baixa, tipo de fibra muscular, metabolismo e outros. O genótipo é imutável.
Fenótipo
É a relação da configuração genética (genótipo) com o ambiente externo, ou seja, os estímulos externos influenciam nos traços morfológicos, fisiológicos, bioquímicos e comportamentais. Por exemplo, você tem pais com cor de pele clara, sua tendência genética é ter cor de pele clara, porém, se você for uma pessoa que se expõe rotineiramente aos raios solares, sua pele será mais escura. Seu genótipo influenciado por uma ação do ambiente resulta no seu fenótipo, ou seja, é uma condição mutável.
Voltando aos biotipos…
Podemos perceber que os biotipos corporais estão associados a uma tendência genética, porém podem sofrer diversas variações pela ação do ambiente externo. A forma do seu corpo (fenótipo) pode mudar em função do tipo de alimentação que você segue, da prática ou não de exercícios, da modalidade de exercícios praticados, dos hábitos, e muitos outros fatores.
Então, se você mediu seu punho e determinou (por exemplo) ser ectomorfo, mas seu corpo está bem definido com certo volume muscular, isso quer dizer que mesmo tendo tendência de ser magro, você modificou sua forma, provavelmente com treino e alimentação adequados.
Qual o melhor tipo de treino a ser escolhido?
A grande questão é que você pode escolher entre dois caminhos: aceitar a tendência genética e usar isso ao seu favor ou enfrentar as dificuldades necessárias para se adaptar a um fenótipo diferente.
Vamos entender um pouco sobre as fibras musculares. Basicamente, são divididas em duas categorias, como descrito abaixo:
Fibra vermelha (tipo I)
- Músculos fortes e resistentes, porém sem volume (ex. maratonista)
- Grande quantidade de mitocôndrias (produzem ATP -> energia)
- Pouca necessidade de estocar energia (glicogênio)
- Pouca explosão, porém muita resistência
Fibra branca (tipo II)
- Músculos fortes, resistentes e com bastante volume (ex. fisiculturistas)
- Pouca quantidade de mitocôndrias (produzem ATP -> energia)
- Grande necessidade de estocar energia (glicogênio)
- Muita explosão, porém pouca resistência
É possível estimular o corpo, com exercícios apropriados, a desenvolver fibras diferentes e então modificar as características musculares. Entenda que, se você tiver uma tendência ectomórfica, você terá uma tendência provável de fibras vermelhas. Seguindo o raciocínio dos dois caminhos possíveis, caso você aceite essa condição e decida usar isso a seu favor, realizar esportes de resistência seria a melhor escolha, com certeza você teria um desenvolvimento muito acelerado; em contrapartida, você pode querer ser fisiculturista (por exemplo), neste caso teria que aplicar um esforço muito maior para ter resultados. Não é impossível ir contra sua tendência genética mas, com certeza, haverá maior exigência de esforço e dedicação.
Afinal, é importante saber meu biotipo para definir o treino e a alimentação?
Conhecer a teoria de classificação dos biotipos corporais tem sua relevância e pode ser um ponto de partida, porém, a melhor forma de encontrar o caminho do sucesso, em qualquer modalidade de prática de exercícios, é conhecer seu corpo e entender as respostas que ele dá aos estímulos. A individualidade metabólica é a resposta, cada pessoa é um ser único, com necessidades exclusivas, e cada organismo reage de forma particular aos estímulos impostos.
O acompanhamento de profissionais especialistas em nutrição e exercícios físicos é o mais indicado para definir uma estratégia condizente com suas necessidades.
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Se sim, deixe nos comentários o seu biotipo e se você concorda com essa classificação de forma isolada para definir estratégias de treino e alimentação!
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